terça-feira, 13 de setembro de 2016

Relato dos leitores - O lobisomem branco na quaresma

Relato dos leitores - O lobisomem branco na quaresma



Esse caso aconteceu com minha mãe quando ela tinha 15 anos e com meu tio quando ele tinha 14 anos. Ela conta esse acontecimento desde que eu e minhas irmãs éramos crianças.

Minha mãe conta que na época do acontecido, ela morava com meus avós num sítio no interior de Piracaia-SP. Meu tio nessa época, falava muito palavrão e zombava de coisas sobrenaturais. Por mais que chamassem a atenção dele, ele continuava a falar.

Então um dia, na época da quaresma, ela e meu tio foram buscar um saco de sal na casa de uma tia dela que morava alguns quilômetros do sítio do meu avô. Quando chegaram na casa dessa tia, eles ficaram conversando por muito tempo e quando foram embora, já era noite.

Pelo caminho, meu tio continuava a falar palavrão. Minha mãe conta que chamou a atenção dele, já que estavam na época da quaresma. Porém, ele continuava.

Quando eles atravessaram a porteira do sítio do meu avô, eles viram perto de um ribeirão, um bicho magro, todo branco. Minha vó conta que a criatura tinha a parte da frente do corpo mais baixa que a de trás e andava como se estivesse apoiada nos cotovelos. Tinha o rosto parecido com o de cachorro, só que muito feio. As orelhas eram compridas e caídas para a frente de modo que pareciam se bater para baixo do rosto do bicho. Além disso, o bicho parecia que fungava.

Na hora, ela pensou que era um bezerro e comentou com meu tio, já que meu avô criava algumas cabeças de gado. Porém, meu tio falou brincando "É nada...é um lobisomem". Na hora que ele disse isso, o bicho levantou a cabeça e as orelhas começaram a se baterem mais alto uma contra a outra. Então, eles viram que não era um bezerro e começaram a correr aos gritos em direção à casa do meu avô, deixando o saco de sal caído no caminho.

Minha mãe conta que chegou a olhar para trás e viu que o bicho caminhava na direção deles batendo as orelhas e com a parte da frente do corpo mais baixa que a de trás.

Na época, a casa do meu avô era toda cercada de gravataí (uma planta que tem folhas grossas e com espinhos) para que os porcos não chegassem perto da casa. Meu tio com o medo, atravessou os gravataís desesperado, enquanto minha mãe abria a porteira que dava acesso ao quintal da casa do meu avô.

Ao chegarem na casa, eles começaram a esmurrar a porta, pedindo que a abrissem. Depois que entraram, meu tio não conseguia falar de tão assustado que estava. Minha mãe disse ao meu avô o que aconteceu. Meu avô, então, olhou pelo buraco da janela e falou que o bicho estava no quintal da casa, pois minha mãe tinha deixado a porteira aberta!

Então, todos ficaram quietos e depois de alguns minutos, escutaram um barulhão no poleiro das galinhas, mas ninguém se atreveu a ir ver o que era.

Minha mãe conta que meu avô havia dito que o bicho era um lobisomem.

Além disso, ela conta que o pessoal mais velho na época, comentava que quando o lobisomem era preto, era um lobisomem vivo e que quando era branco (como o que eles viram), era um lobisomem morto.

Decidi compartilhar esse relato, pois quando escuto relatos de lobisomens, eles são sempre de cor escura, principalmente pretos. Nesse caso que minha mãe conta, o lobisomem é branco, que segundo contavam à ela, lobisomens brancos eram mortos. Será que mesmo depois de morto a sina do lobisomem continua?