quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Sibéria: cientistas russos montam laboratório para ressuscitar mamutes através de clonagem

Sibéria: cientistas russos montam laboratório para ressuscitar mamutes através de clonagem


Os mamutes da Sibéria dominaram grande parte do local por 350 mil anos, antes de serem extintos no final da última Era do Gelo, mas eles poderiam, em breve, voltar à vida caso os cientistas russos tenham sucesso em seu novo projeto.

Pesquisadores na Sibéria estão montando um novo laboratório dedicado a estudar o DNA do animal extinto, na esperança de criar clones a partir dos restos de criaturas encontradas no permafrost – tipo de solo encontrado na região do Ártico.

O laboratório está situado em Yakutsk, cidade mais fria do mundo, que possui a maior coleção de carcaças congeladas e restos de animais antigos do planeta, com mais de 2.000 restos de animais pré-históricos, incluindo cavalos, raposas e mamutes.

Em declarações ao jornal russo Kommersant, Semyon Grigorev, diretor do Museu do Mamute, na Universidade Federal Norte-Oriental de Yakutsk, disse que eles esperam obter células adequadas para utilização em clonagem, no futuro. A universidade estabeleceu um novo programa chamado de “O Renascimento do Mamute e outros Animais Fósseis”.  “A clonagem é uma perspectiva distante, mas agora, estudando as observações recebidas, aprendemos fatos surpreendentes sobre o passado do nosso planeta e seus habitantes”, disse Grigorev.


Esqueleto do Mamute Lanoso.
A Universidade assinou um acordo para cooperar com a Sooam Biotech Research Foundation, em Seul, na Coreia do Sul, e com o Instituto de Genômica de Pequim, na China. Sooam é um centro principal de clonagem de animais, através da combinação de material genético de uma espécie com os de outra, após perpetuarem com sucesso a clonagem de um cão e de um coiote.

Isso será essencial para os esforços de clonar um mamute, já que células vivas da espécie não existem. O material genético teria que ser inserido nas células de elefante asiático. “Para clonar um mamute, três partes assinaram um acordo de cooperação que poderiam realizar o nosso sonho“, acrescentou Grigorev.

Para clonar um mamute, os cientistas russos dizem que vão precisar da ‘carcaça perfeita’, ou seja, um mamute preservado no permafrost. No entanto, os seus esforços anteriores têm sido frustrados pela falta de instalações adequadas no país para lidar com tecidos e a burocracia na região. A maioria dos achados de mamute são feitos por caçadores profissionais que vasculham a tundra procurando por ossos e presas.

Eles descobriram a carcaça quase perfeita de uma jovem fêmea de mamute, no Círculo Ártico da Rússia, em 2010. Um bebê mamute, com pele avermelhada distinta, de 39.000 anos, apelidado de Yuka, foi encontrado envolvido em uma piscina de seu próprio sangue congelado e parece ter sido morto por um predador. Paleontólogos disseram que a carne do animal ainda estava vermelha quando foi descoberta. Os cientistas esperavam usar amostras do mamute para extrair células de DNA que possam ajudá-los em seus esforços para clonar o animal e ressuscitar sua espécie.

No entanto, devido a uma falta de laboratórios adequados, as amostras do mamute foram enviadas ao exterior, 10 meses depois de escavada. Caso consigam a amostra, mesmo assim, não é garantia de sucesso, pois, muitas vezes, DNA e células inteiras se desintegram quando o tecido de mamute é descongelado.

Se eles não conseguirem obter material genético suficiente, no entanto, os pesquisadores dizem que vão tentar transplantá-lo para dentro de um elefante asiático, o ancestral mais próximo dos mamutes.


Todas as tentativas de extrair amostras de Yuka (visto na foto) foram frustradas pela grande burocracia. Quando os investidores do projeto encontraram seu corpo, sua carne ainda era vermelha e continha sangue, mas pelo enorme atraso nas liberações, quando finalmente as primeiras medidas laboratoriais foram tomadas, seus tecidos já estavam pretos. Foto: Reprodução / Daily Mail
Todas as tentativas de extrair amostras de Yuka (visto na foto) foram frustradas pela grande burocracia. Quando os investidores do projeto encontraram seu corpo, sua carne ainda era vermelha e continha sangue, mas pelo enorme atraso nas liberações, quando finalmente as primeiras medidas laboratoriais foram tomadas, seus tecidos já estavam pretos. Foto: Reprodução / Daily Mail
No início de 2015, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, conseguiram copiar 14 genes de um mamute lanoso no genoma de um elefante asiático. No entanto, ressuscitar uma espécie extinta ainda requer um longo caminho. Alguns dizem que o híbrido mamute-elefante pode ser uma perspectiva mais realista, mas mesmo neste caso a questão é controversa. Em muitos casos, a taxa de sucesso na produção de embriões viáveis é nula. Animais clonados, são, muitas vezes, cheios de problemas de saúde.

No entanto, nesse meio tempo, Grigorev e seus colegas estão usando suas instalações para saber mais sobre as espécies extintas. Tais achados também podem ajudar a encontrar o habitat ideal para os mamutes, podendo ser clonados com sucesso. Eles acreditam que a Sibéria pode fornecer o habitat perfeito.